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03 de October

Rajshree Patel e um papo sincero sobre autoconhecimento no mundo corporativo

escrito por:

teya ecossistema

Impactado pelas mudanças comportamentais pós-pandemia, a busca pelo autoconhecimento se tornou cada vez mais cotidiana. Saber lidar com pessoas e desafios que mudam constantemente, além de conseguir se adequar às mais diferentes situações e espaços são habilidades em alta. Mais do que isso, podem separar uma rotina plena de um possível burnout, quando não há equilíbrio entre demandas do escopo profissional e a saúde mental, levando ao extremo. Mas, antes de falar sobre autoconhecimento no mundo corporativo, não podemos esquecer de perguntas que vão vir antes: Quem sou eu? Que lugares quero ocupar? Quais são as minhas motivações e sonhos? Como o meu trabalho faz diferença na minha vida e das pessoas ao meu redor?  Essas e outras perguntas fizeram parte do Webinar da teya | Autoconhecimento no mundo corporativo, com a palestrante, coach e autora do livro “Shakti: O poder da sua essência” Rajshree Patel. 

 

É preciso olhar para dentro antes de mirar lá na frente 
Em primeiro lugar, o autoconhecimento é uma porta para suas qualidades e descobertas de pontos a melhorar. Ao pensar em pessoa inteligente, curiosa e proativa, pensamos em uma pessoa capaz de dizer mais do que só “ok”, “sim” e “não” para as situações em que se depara. É alguém que vai atrás, que se permite viver e encontrar valor em cada experiência, aprendendo e ensinando a partir do que foi visto. Alguém que conhece o seu valor, assume os riscos e continua, ainda sem a certeza dos resultados. É a partir de uma iniciativa 100% pessoal que situações maravilhosamente inesperadas podem acontecer. 

Não faltam pesquisas sobre a importância das soft e core skills no ambiente corporativo, vislumbrando comportamentos essenciais para uma relação mais saudável com o trabalho e apresentando os papéis e características dessas habilidades nos dias de hoje. Além de seus benefícios em níveis profissionais, tais características mudam também a percepção do indivíduo com outras esferas da vida. Para Rajshree, é importante ressaltar que toda mudança comportamental é feita, primeiramente, de fora para dentro. Olhar para dentro é enxergar o autoconhecimento como parte essencial do todo, reconhecendo que só a partir dele você estará mais perto de alcançar as metas e caminhos desenhados. 

Seja mirando em um objetivo corporativo ou não, é o autoconhecimento que nos levará ao sucesso - e não ao contrário. Quando se busca a conquista de algo para depois reservar tempo para si mesmo, o acúmulo de emoções negativas, estresse e receios impede que o processo seja vivido em sua complexidade. Aliás, se pontos altos e baixos fazem parte de todo processo, por que não fariam parte também da jornada de autoconhecimento? Compreender sua maneira de lidar com desafios, o que te motiva e como você lida com as suas emoções faz parte da busca pelo autoconhecimento e suas implicações. 

 

Afinal, qual é o momento certo para falar sobre autoconhecimento? 
Hoje. Agora.  
Vamos falar sobre autoconhecimento sem tabu? 
 
Não é raro pensar em alguém que precisou chegar em um momento extremo para começar a pensar sobre si mesmo. É quase uma tendência unificada, um pacto inconsciente entre toda a humanidade de só buscar sobre o que é autoconhecimento após uma situação traumática ou evento trágico como um luto, acidente ou final de relacionamento. Quase como se passar por essa situação difícil fosse o motivo para buscar mudança e não reconhecer em si mesmo a necessidade de mudar.  

A verdade é que não precisa ser assim. Não é preciso esperar um fator externo para buscar se conhecer mais, para tentar ser a sua melhor versão. Falar sobre autoconhecimento é refletir sobre quem você foi, sobre como as características e situações do passado impactam em quem você é hoje e de quais maneiras se conhecer melhor pode te aproximar de quem você quer ser no futuro. Ou seja: reconhecer a mudança como algo inerente à vida humana, sejam as mudanças que ocorrem em esferas individuais ou coletivas. Para chegar nesse lugar hipotético (seja o momento pós-traumático, seja um novo cenário completamente diferente do atual) será preciso, inevitavelmente, passar por uma mudança. Está acontecendo agora, nesse exato momento, e será constante enquanto estivermos vivos.  

Quanto mais incerteza há, mais estamos no desconhecido – economicamente, politicamente, socialmente, estruturalmente... Quanto mais incerteza, mais você, enquanto indivíduo, precisa abrir mão de uma zona de conforto, de como tem feito algo durante a vida inteira, abrir mão do que você achava que funcionava ontem, ter clareza de onde você está e, mais importante, ter clareza de onde quer ir amanhã. E isso só acontece se você olhar para dentro” (Rajshree Patel)   

Pensar sobre autoconhecimento exige dedicação, tempo e vontade. A iniciativa que comentamos lá no início, lembra? Não é algo que pode ser implantado como um chip, não é uma coisa física, tampouco algo tão direto e programado. Se você não tiver essa primeira chama pela mudança, a primeira pequena curiosidade em ir atrás de errar, acertar, mudar, errar de novo e continuar tentando... então nada acontece.  

É aquela velha máxima de continuar fazendo as mesmas coisas não traz resultados diferentes. Simples assim. Os resultados serão visíveis a partir do momento em que você começar a mudar. A melhor hora para falar sobre autoconhecimento é agora, o melhor momento para começar a se descobrir e a conhecer a si mesmo é hoje.  
 

Liberar crenças limitantes, descobrir novos medos e aprender com si mesmo: tudo é autoconhecimento 
Para falar sobre o tema, é preciso entender que o autoconhecimento não é algo que acontece uma única vez, em uma sessão de 1 hora ou em um final de semana. É algo que faz parte de uma jornada de uma vida inteira, com pequenas descobertas ao longo de todos os momentos em que você se permite tentar. 

A essa altura do papo sobre autoconhecimento você já deve saber que quem nós somos hoje e onde estamos não é algo que acontece rápido, certo? Nesse sentido, Rajshree fala sobre um exemplo do dia a dia que pode ilustrar essa descoberta, como o simples fato de escovar os dentes: até para pegar a escova foi preciso tempo para aprender como segurar, as direções necessárias, descobrir por que é importante para a sua saúde ou quantas vezes é preciso escovar por dia até que, enfim, o hábito fosse criado. Não é diferente quando se pensamos em outros hábitos comportamentais e mindsets. 

Desde a infância, somos apresentados à um sistema de crenças, valores e limites muito condicionais. O certo e o errado, sim e não, o que pode ou não ser feito. Rajshree fala que tudo o que fazemos é passar o resto das nossas vidas reestabelecendo essas dinâmicas de pensamento, antes mesmo de sermos conscientes sobre o pensamento crítico, sobre autorreflexão. A ideia de autoconhecimento é, depois de entender e liberar esses padrões que somos acostumados, mergulhar dentro de si, começar a olhar para si mesmo. 
 

Autoconhecimento no mundo corporativo: e agora? 
O primeiro passo é reconhecer que assim como a vida evolui, o tempo muda, a economia muda, eu também preciso mudar, também preciso evoluir. Evoluir para si mesmo, para encontrar o que faz sentido nas novas configurações da sua vida, mas também evoluir para ocupar os espaços e ambientes que almeja, já que eles também mudam (inclusive e, principalmente aqueles que envolvem outras pessoas).  

Para Rajshree, “você pode ter uma estratégia, pode pensar nos processos e procedimentos, aprender sobre novas tecnologias e tendências, mas o futuro está realmente nos valores humanos.” E, como vimos, conhecer a si mesmo é refletir sobre o passado. Partindo desse princípio, para falar de autoconhecimento no mundo corporativo é preciso trazer luz para quanto de você - enquanto indivíduo, líder, pessoa empreendedora ou representante de RH - está operando a partir de um sistema fixo de pensamentos? Como esvaziar esses estresses condicionais, reduzir sentimentos como medo ou arrependimento e encarar essa parte da sua vida sob uma perspectiva mais reflexiva?  

Se pensarmos em grandes nomes dos negócios e pessoas super bem-sucedidas como Steve Jobs, Warren Buffet ou qualquer outro nome que vier à mente, o que essas pessoas têm em comum é o fato de saberem se reinventar. Estão dispostas a se reinventar a partir de seus erros, de olhar com um olhar iniciante ou até mesmo mudar todo o negócio da água para o vinho se sentirem a necessidade. Somente quem se conhece verdadeiramente sabe onde está, para onde quer ir, como tem agido e o que é preciso ser feito para chegar até lá. Não é uma tarefa fácil, não é algo que acontece do dia para noite, mas é fato que o autoconhecimento faz parte do quebra-cabeça que tornará a jornada mais fluida, relevante e bem-sucedida nos tempos atuais.