Nas minhas pesquisas sobre Lifelong Learning e como as pessoas aprendem, descobri de que modo Elon Musk*, CEO da Tesla, faz isso. Eu sei que algumas de suas atitudes são bastante polêmicas, mas acho que temos muito a aprender com a capacidade de inovar e empreender de Musk.
Desde a infância, a partir de seus primeiros anos de adolescência, Musk lê dois livros por dia em várias disciplinas. Essa vontade de aprender, fez com que ele ficasse exposto a assuntos bem variados, desde ficção científica, filosofia, religião, programação, até biografias de empreendedores. Sua sede de conhecimento permitiu que aprendesse muito mais do que qualquer escola exigiria dele.
Porém, somente acumular conhecimento não basta. É preciso colocar esse conhecimento em movimento: ensinando outras pessoas, trocando ideias e experiências, por exemplo. E mais do que isso, transferir para a prática, ou seja, pegar aquilo que aprendemos em um contexto e aplicar em outro com um propósito. Mas como fazer isso?
Musk organiza o conhecimento como uma “árvore semântica”, ou seja, compreende e registra os princípios fundamentais de cada disciplina. Cada conhecimento tem uma estrutura lógica, que precisa ser entendida primeiro em seus fundamentos (tronco e grandes ramos), para, em seguida, ir para as extremidades ou desdobramentos (folhas/detalhes). À medida que conseguimos desconstruir e reorganizar os conceitos, fica mais fácil conectá-los e enxergar relações inusitadas (um bom começo é usar “Mind Maps” para registrar seus aprendizados).
Aprender sobre diversos assuntos amplia a capacidade de fazer associações incomuns e, portanto, de inovar. O autor Frans Johansson chamou isso de “Efeito Médici”, o impulso criativo que acontece ao combinarmos conceitos de diferentes esferas, disciplinas e setores. Um exemplo conhecido é o do arquiteto Mick Pearce, que se inspirou na forma como os cupins ventilam seus ninhos na savana africana para projetar um ar-condicionado de um shopping center no Zimbábue, criando uma nova área no design arquitetônico: a que se inspira em processos da natureza (ver: O Efeito Médici: Como realizar descobertas revolucionárias na interseção de ideias, conceitos e culturas).
Assim, para aumentar as chances de liderar novas descobertas e inovar, Musk acredita que é melhor ser um “especialista-generalista”, que estuda de forma mais ampla várias áreas completamente diferentes e faz conexões significativas entre elas, do que ser um expert focado em uma única área do conhecimento.
Esse mindset generalista aliado ao processo de transferência de aprendizagem, possibilita recombinar os princípios fundamentais de diversas disciplinas. Foi assim que Musk conseguiu criar empresas como por exemplo a SpaceX na indústria aeroespacial, e a Tesla, no setor automotivo, que busca revolucionar o transporte, inclusive com carros autodirigidos.
A verdade é que não tem segredo, Musk combinou a sua motivação com o processo de aprendizagem adequado: (1) ele passou muitos anos lendo bem mais do que a média das pessoas, (2) buscou conhecimento em várias disciplinas e (3) colocou o conhecimento em movimento, desconstruindo e reorganizando conceitos sob uma nova ótica – aumentando as chances de inovar.
E é claro, muita disciplina e esforço. Nada como aprender a aprender!
*Elon Musk: Empreendedor, filantropo e visionário sul-africano-canadense-americano. Ele é fundador, CEO e CTO da SpaceX; CEO da Tesla Motors; vice-presidente da OpenAI; fundador e CEO da Neuralink; e co-fundador e presidente da SolarCity.
Entrevista de Elon Musk sobre “Princípios Fundamentais” https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=NV3sBlRgzTI