Tal qual o primeiro homem a pisar na lua, podemos dizer que hoje, trazer novidades mais rápidas em inteligência artificial é a nova disputa favorita de empresas tech. Na contramão, Sundar Pichai, CEO do Google, nos faz refletir sobre essa corrida: afinal, estamos prontos para a IA?
Sundar Pichai está à frente da empresa desde 2015, atuando, mais especificamente na Alphabet (empresa controladora do Google). Quando temos uma dúvida, é na ferramenta de pesquisa o primeiro lugar que buscamos nossas respostas. Mas como o Google (ou seu CEO) se posiciona nesse debate tão latente?
50 anos em 5: a corrida por novidades em I.A
Foi somente em maio deste ano que o Google fez o primeiro anúncio sobre a integração de uma inteligência artificial no seu pesquisador. Essa novidade, porém, chegou bem depois da empresa de Bill Gates, que já inseriu o ChatGPT no navegador Edge e no motor de buscas Bing. A Microsoft, em paralelo, também tem feito investimentos massivos na tecnologia, apontando ser esse o futuro da geração e circulação de conteúdos pela internet.
Pelo feito, Gates se tornou precursor do sistema, que já estava antecipando carta aberta sobre os posicionamentos das novos tecnologias antes mesmo do Google se posicionar nessa balança. O carro chefe da empresa, justamente o motor de busca mais famoso do mundo, demorou mais do que os concorrentes em tecnologia para absorver a macrotendência em I.A. Ou será que liderar a corrida externa ganhou mais destaque do que a aprendizagem necessária no setor, que é contínua?
A comparação com outros players abriu espaço para questionamentos sobre a agilidade do Google.
Mas será mesmo que tudo agora perpassa pela Inteligência Artificial ou o fomo (fear of missing out) está corrompendo a nossa percepção sobre esse assunto?
Google no freio: reflexões do CEO sobre I.A
Enquanto o Elon Musk, CEO da Tesla e do Twitter, já teceu diversos comentários sobre o Inteligência Artificial, o Google não é a empresa mais agressiva quando se trata da corrida. Isso porque, para Sundar Pichai, a sociedade não está preparada para seu avanço tão rápido.
A partir de agora, o nosso jeito de aprender, trabalhar, comunicar e interagir continuará o mesmo? Quais habilidades precisamos aprimorar antes de cogitar incluir essas ferramentas de automatização e inteligência artificial no dia a dia? Será que o acesso é igualitário para todos? Por fim, exigir o letramento em inteligência artificial é justo, quando caminhamos a passos ainda tímidos no digital como um todo?
Em entrevista ao portal americano The Verge, Pichai afirma que, embora promissora, a IA generativa do Google ainda precisa de tempo e pesquisa para se aperfeiçoar. Essa é parte do motivo pelo qual a empresa pisou no freio nessa corrida, além das opiniões do CEO sobre como os avanços desenfreados podem ser prejudiciais para a sociedade.
Sobre as pesquisas do Google, o nível de alucinação (termo usado para se referir às respostas fora de contexto) ainda depende de progressos - mas não impede que já seja usada por certos setores. “Temos que descobrir como usá-la no contexto correto. Por exemplo, se você está pesquisando qual é a dosagem de Tylenol para uma criança de três anos, não é ok alucinar nesse contexto. Considerando que se você está apenas dizendo ‘me ajude a escrever um poema sobre algum assunto’, tudo bem a IA errar. O que quero dizer sobre acertar é resolver esses detalhes”, apontou.
Sobre os impactos sociais, fica a provocação:
"O ritmo em que podemos pensar e nos adaptar como instituições sociais, comparado ao ritmo em que a tecnologia está evoluindo, são incompatíveis” Sundar Pichai
Como ecossistema de aprendizagem e eternos aprendizes e curadores de conteúdo, a decisão do Google também nos provoca algo. É assim por aí também?